domingo, 22 de março de 2015

Contrato Matrimonial



        Sempre que um casal entra numa relação vão contratando, consciente ou inconscientemente, suas regras e formas de se relacionar. Isto é, alguns itens são contratados formalmente entre os parceiros e alguns são subliminares e implícitos, enquanto outros podem estar somente no imaginário de um dos cônjuges, fazendo com que seja apenas expectativas irreais. Além disso, alguns desses itens são intencionais, enquanto outros serão acordados de acordo com as situações vividas pelo casal, de tal modo que, com o desenrolar do relacionamento o casal vai fazendo os acertos necessários.
        No entanto, pelo fato de a maioria dos contratos entre os casais serem feitos de forma implícita, os casais apresentam grandes dificuldades em colocar seus incômodos e delimitar as quebras de contrato, o que dificulta para que os ajustes sejam negociados.
       Um bom contrato explicita o que deve ou não acontecer na relação conjugal, a forma como tais coisas irão acontecer, e assim como o casal irá se portar diante dos acontecimentos. Bem como o que acontecerá se um dos parceiros quebrar o contrato e como irão avaliar e negociar o contrato futuramente.
       A princípio pode parece impossível contratar todos esses itens em uma relação amorosa, além de parecer um tanto quanto estranho para as pessoas pensarem em seus relacionamentos à luz de um contrato matrimonial. No entanto, o que se tem observado é que os casais que tem consciência de seus acordos se mostram mais aptos a enfrentar suas dificuldades, se mostrando mais hábeis em evitar desentendimentos e em negociar suas diferenças.
        Cabe ressaltar que o contrato matrimonial pode e deve ser renegociado quantas vezes os parceiros acharem que preciso for, uma vez que os parceiros e as situações mudam. Assim, os contratos devem ser adequados a cada novo ciclo de vida e interesses atuais dos parceiros. Dessa forma, um casal funcional tem contratos concretos e explícitos e a cada novo desafio se esforçam em esclarecer e transformar seus acordos. Do contrário, casais disfuncionais se relacionam a partir de acordos implícitos, velados e não comunicados, assim não percebidos.

      Ψ Contrato Matrimonial e Psicoterapia: Um dos objetivos da psicoterapia de casal é ajudar o casal a ter consciência do seu contrato matrimonial. Isto é, os acordos consciente e inconscientes feitos no início da relação conjugal, para que possa se atualizar e propor as mudanças necessárias neste acordo. Assim, o casal pode contratar uma nova relação com o parceiro, agora mais consciente de seus acordos e de suas expectativas em relação à união e ao parceiro.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Para refletir...


Autor: Caio Fernando de Abreu

Eu sei que vou.
Insisto na caminhada.
O que não dá é pra ficar parado.
Se amanhã o que sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola.
E refaço, colo, pinto e bordo.
Porque a força de dentro é maior.
Maior do que todo mal que existe no mundo.
Maior do que todos os ventos contrários.
É maior porque é do bem.
E nisso, sim, acredito até o fim.
O destino da felicidade me foi traçado no berço.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Medo de Assumir a Direção

       
     Não é raro nos deparamos com pessoas que têm medo de assumir a direção de um veículo. Mas de onde vem esse medo se nunca sequer se envolveram em qualquer tipo de acidente ou situação que pudesse justificá-lo de alguma forma? Ou ainda, o que acontece quando uma pessoa que sempre dirigiu começa a desenvolver o medo de dirigir aparentemente sem nenhuma razão? 
    Em muitos caos, o que acontece é que essas pessoas têm dificuldades em assumir direções não só de um veículo, mas também de suas vidas. Assim, vivem como se estivessem a bordo de um carro desgovernado, de forma que as coisas vão acontecendo e encadeando-se, enquanto o passageiro assume o papel de vítima das circunstâncias, não se colocando em momento algum como condutor de sua própria história.
   Neste sentido, é comum essas pessoas terem medo de entrar em qualquer tipo de veículo, mesmo que seja conduzido por outra pessoa. E é aí que está a questão, estão tão cansadas de terem suas vidas direcionadas pelos outros que se sentem significativamente desconfortáveis ao entrarem em um veículo que está totalmente sobre o controle do outro. O que é muito comum também em trasporte público, pois a pessoa não tem como opinar no caminho que deve ser seguido, nem sequer escolher o ponto exato que seria ideal para sua subida e/ou descida.
     Sendo assim, é preciso que a pessoa saia do papel de vítima e assuma o lugar de condutor de sua própria história. Para isso, o importante é ter confiança em si mesmo e em seu bom senso para assumir qualquer tipo de direção. Sabendo que, para os momentos de atrito, existem os cintos de segurança para amenizar os impactos. Para tanto, é preciso que a pessoa consiga traçar os seus planos e objetivos futuros em acordo com o que realmente quer para si, não se prendendo demais à opinião dos outros, para que assim saiba para qual lado deve virar o volante e direcionar a sua vida. Uma vez que, sem saber onde se pretende chegar fica impossível escolher um caminho a seguir. Um bom indicador se está indo na direção correta é saber identificar o que está indo bem e o que não está indo bem em sua vida. Assim, assumir o que não está indo bem é o primeiro passo para a mudança de direção. É neste ponto que o novo caminho começa a ser traçado e então o rumo começa a ser mudado.
    O mais importante de tudo isso é estar no caminho certo, mesmo que a velocidade muitas vezes não seja compatível com a que gostaríamos, mas até ela, em certos momentos, é possível ser mudada, basta saber o quanto é possível acelerar ou desacelerar naquele momento, sempre respeitando os limites de cada um. Dessa forma, é fundamental que a rota seja traçada em acordo com as escolhas que vem traçando para si mesmo, ciente de que dentro de cada um existe um GPS que sinaliza toda vez que nos desvaiamos do nosso caminho. Sendo assim, basta estar atento ao sinais que nosso próprio corpo vem emitindo para saber quando e o quanto a rota precisa ser mudada ou desviada.
    Neste sentido, a falta de confiança em si mesmo é um dos principais motivos que levam ao medo de dirigir, e daí surgem o medo de acelerar, de perder o controle do veículo, de subidas, de não saber o caminho, de estacionar, de engatar marcha ré e até de deixar o carro morrer. Se pensarmos nesses medos em nossas vidas, podemos entendê-los como medo de ir rápido demais, de perder o controle (de si ou de uma situação), de não ter forças para ir até o final, de não saber onde se quer chegar, de estagnar, de andar para trás, ou até mesmo da morte.
    A estrada da vida nunca é uma estrada reta, sempre há curvas e desvios que devem ser feitos, mas sempre é possível chegar ao destino final. Todos nós temos limitações, mas muitas vezes o medo de errar faz com que desistimos antes mesmo de chegar a esse ponto. O que não devemos nos esquecer é que errar também faz parte da vida e que sempre é possível uma mudança de direção. Do contrário, quando assumimos a posição de passageiros e vítimas em nossas próprias vidas, estamos dando crédito demais ao outro em acreditar que ele saiba mais que nós mesmos qual o caminho que devemos seguir. Assim, estamos optando por fantasiar soluções mágicas que sem a nossa direção se tornam mais um passo rumo à frustração.
   Cabe ressaltar que, quando uma pessoa que já costumava dirigir desenvolve o medo de dirigir, muitas vezes esse pode ser um momento que exija uma mudança drástica de direção em sua vida. Da qual, muitas vezes ainda não se sente preparada para lidar.
       
  Ψ Medo de assumir a direção em Psicoterapia: É comum as pessoas recorrerem à psicoterapia como auxilio na superação do medo em assumir a direção de um veículo. Nestes casos, a psicoterapia pode auxiliar para que a pessoa comece a escolher onde ela realmente deseja chegar, para que posso confiar mais em si mesmo e em suas escolhas, de tal forma que perca o medo de ir adiante em sua vida. Além disso, durante a psicoterapia, a pessoa tem a oportunidade de conhecer mais a si mesmo, de forma que se torna mais consciente da origem de seus medos, o porque e pra que vem agindo de determinada forma, de modo que se torna mais capaz em escolher novos rumos e novas direções para si.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Para refletir...


O Amor
Autor: Desconhecido

E o amor? Você me pergunta.
O amor, ah, sei lá, o amor nem dá pra definir direito.
Acho que é um desejo de abraçar forte o outro, com tudo o que ele traz: passado, sonhos, projetos, manias, defeitos, cheiros, gostos.
Amor é querer pensar no que vem depois, ficar sonhando com essa coisa que a gente chama de futuro, vida a dois.
Acho que amor é não saber direito que ele é, mas sentir tudo o que ele traz.
É você pensar em desistir e desistir de ter pensado em desistir ao olhar para a cara da pessoa, ao sentir a paz que só aquela presença traz.
É nos melhores e piores momentos de sua vida pensar preciso contar isso pra ele.
É não querer mais ninguém para dividir as contas e somar os sonhos.
É querer proteger o outro de qualquer mal.
É ter vontade de dormir abraçado e acordar junto.
É sentir que vale e pena, porque o amor não é só festa, ele também é enterro.
Precisamos enterrar nosso orgulho, prepotência, ciúmes, egoísmo, nossas falhas, desajustes, nosso descompasso.
O amor não é sempre entendimento, mas a busca dele.
O amor é tentativa eterna. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Luto Familiar


                O luto é um processo pelo qual em algum momento toda família irá passar, inevitavelmente. A perda por morte de um familiar é sempre um processo doloroso, mas este pode se tornar ainda mais complicado a depender das circunstâncias da morte, idade e relação que o membro que se foi mantinha com os demais familiares. Entretanto, numa família em que o envolvimento emocional é mas expressivo, a morte é sempre sentida como uma perda significativa, independente de quem tenha morrido e das circunstâncias de sua morte. Além disso, quanto mais expressiva fosse aquele que se foi, mais a sua falta será sentida na dinâmica familiar. 
             No entanto, mesmo que o luto seja um luto no plural, ele também será sentido individualmente por cada um do membros familiares. E, a maneira pela qual o luto será sentido individualmente dentro de uma mesma família tem haver, em partes, com a estrutura e o funcionamento da família, bem como a forma pela qual a família irá se portar diante da perda. Assim, é fundamental que os familiares consigam entender que o luto é de todos, e que cada um irá lidar com ele a sua maneira. E, mesmo que tenham perdido a mesma pessoa, cada familiar teve com ela uma relação e uma vivência particular. Isto é, o vazio que a perda daquele que se foi causou nunca será o mesmo entre os familiares.
           O que se pode observar é que em momentos de fragilidade, lidar com as diferenças se faz ainda mais difícil. Neste sentido, quando a perda ocorre em uma família que já era lugar de constante conflitos e tensões, a morte pode servir como um agravante dos problemas. Uma vez que, ao invés de se ajudarem, os familiares se apegam às suas diferenças, principalmente na sua forma de vivenciar o luto, acentuando as discordâncias, as discussões e a segregação, pois se faz muito comum cobrarem entre si que tenham a mesma postura diante da perda. De tal modo que, enquanto uns se mostram muito abalados com a perda e com sérias dificuldades em refazer suas vidas, outros já se mostram mais firmes e conformados com a situação. Dessa forma, é muito comum que aquele que está mais fragilizado não consiga compreender que o outro refaça sua vida, mesmo com a perda ainda muito recente. Por outro lado, aquele que se mostra mais firme, também pode não conseguir entender a dificuldade daquele familiar em dar seguimento com a sua vida. O que pode provocar um abalo na estabilidade familiar, ocasionando em cortes de relações e divórcios. 
    Além disso, o distanciamento entre os membros familiares se faz muito frequente pelo fato de que o afastamento muitas vezes dá a sensação ilusória de ser uma maneira fácil de se evitar situações dolorosas. Assim, a morte e a memória do que se foi se torna um assunto velado na família, de tal forma que os familiares passam a viver quase como se aquele que morreu nunca tivesse existido, o que dificulta a vivência do luto pessoal de cada um dos membros. Neste sentido, estas famílias passam a viver um luto patológico, pois recusam-se a assumir e a sentir a perda do ente querido, que em algum momento irá aparecer. E, neste momento, o distanciamento entre os membros familiares é tão severo que muitas vezes a retomada do vínculo pode se tornar impossível. 
       Por outro lado, tem sido observado também que momentos de extrema dor que são vividos em conjunto tem uma incrível força de união. Dessa forma, a ajuda mútua é capaz de favorecer e possibilitar que a família reaja mesmo diante de um momento tão doloroso quanto a morte de um dos seus membros de forma ágil e afetuosa. Assim, o processo do luto individual será facilitado pela vivência em conjunto, pois cada um dos membros familiares sentirá que não está sozinho na sua dor, de tal modo que os laços de solidariedade permitem que o abalo familiar sofrido pela perda de um de seus entes seja progressivamente reparado. Ao final, o que se pode observar é que estas famílias tendem a se mostrar ainda mais unidas e coesas do que pareciam ser antes da perda. 
      
   Ψ Luto Familiar em Psicoterapia: Quando uma família perde um membro por morte, a psicoterapia de família pode auxiliar na elaboração do luto para que possam prosseguir com suas vidas, mesmo com a dor da perda, sem se esquecer nem hipervalorizar aquele que se foi. Além disso, pode auxiliar para que cada familiar possa compreender e aceitar que cada um terá sua própria forma de lidar com a dor e o vazio deixado por aquele que se foi, tendo a função ainda de ajudar a promover a saúde dos relacionamentos daqueles que continuam vivos. Além disso, a psicoterapia, de forma individual, irá auxiliar para que a pessoa passe por todas as fases do luto, sendo elas: choque, negação, raiva, depressão e aceitação. Na maioria dos casos o processo todo costuma levar cerca de dois anos, mas este pode se estender ou diminuir a depender do histórico de perdas da pessoa, o grau de relação que mantinha com aquele que morreu, bem como as circunstâncias da morte. Sendo que, nas mortes mais traumáticas, a fase de negação pode se estender e a culpa e a revolta podem aparecer ainda com mais intensidade. Logo no início, é comum os familiares se manterem mais reclusos e desinteressados de viver, no entanto, com o passar do tempo começam a surgir as tentativas de retomada do cotidiano anterior à perda, o que muitas vezes não é possível, momento este que se faz primordial a mudança de hábitos. No entanto, quando os sintomas do luto persistem por um período prolongado, o mais provável é que não esteja vivendo as etapas necessárias para alcançar a superação, de forma que se mantém preso ao luto. Cabe ressaltar que em alguns casos, a pessoa não entra em luto, se mantendo indiferente ao ocorrido, tamponando sua dor, mas na verdade está apenas adiando um luto que em algum momento irá aparecer.