quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Para refletir...



Reverência ao Destino
Autor: Carlos Drummond de Andrade

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando preciso for.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder conselhar sobre a situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem para fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente, quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar aos mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter que viver, sem ter medo do depois.
Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção da vida dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Relacionamentos Virtuais


       Nessa era virtual, a tecnologia tem encurtado distâncias e permitido relacionamentos entre pessoas de qualquer parte do mundo e até mesmo entre pessoas que nunca se viram e que talvez nunca venham a se conhecer de verdade. O que se pode observar é que inúmeros são os motivos que levam as pessoas a se relacionarem virtualmente, indo desde desilusões e frustrações ocorridas nos relacionamentos reais, até sentimentos de solidão e timidez, que muitas vezes impedem o contato real. Assim, o contato virtual se torna um facilitador para aqueles que encontram dificuldades em estabelecer qualquer tipo de relacionamento no mundo real. Cabe ressaltar que existem ainda aquelas pessoas que estão apenas em busca de uma aventura, curiosas para vivenciar algo diferente.
      O relacionamento virtual é baseado em palavras e textos que seduzem o leitor, o fazendo fantasiar em relação a quem está do outro lado da tela. Nestes casos, o que geralmente acontece é que a pessoa acaba projetando no outro justamente aquilo que ela deseja. Assim, enxerga o outro a partir de suas próprias fantasias e idealizações, fazendo com que o outro seja exatamente como a própria pessoa gostaria de ser. Além disso, pela rede é possível ser qualquer coisa que se queira, e talvez seja justamente esta a magia em se relacionar virtualmente, pois tem a possibilidade de mostrar ao outro não aquilo que se é verdadeiramente, mas o que gostaria de ser. Assim, ao se relacionar virtualmente, a pessoa pode encarnar papéis e ser quem ela quiser, mesmo que estes papéis não codizem em nada com a realidade.
      O grande problema de tudo isto acontece quando esta "brincadeira" de fazer de conta ser o que não é se transforma na única fonte de relacionamentos de uma pessoa. O que se pode observar é que muitas pessoas, por timidez ou baixa autoestima apresentam sérias dificuldades em começar ou manter qualquer tipo de relacionamento real. Assim, quando a pessoa passa a viver apenas em função de seus personagens virtuais, a realidade começa a ficar cada vez mais distante e consequentemente os relacionamentos reais se tornam ainda mais difíceis, o que faz com que estas pessoas passem mais e mais tempo na rede, se afastando cada vez mais da realidade e da possibilidade em construir relacionamentos reais.
     Desse modo, a internet passa a ser a única forma de contato para muitas pessoas, substituindo os contatos reais, de tal forma que estas pessoas tendem a confundir esta facilidade em se comunicar com relacionamentos verdadeiros. Assim, pela dificuldade em estabelecer relacionamentos sociais, estas pessoas vivem na ilusão de estarem se relacionando, quando na verdade estão se distanciando cada vez mais de um contato real e um relacionamento verdadeiro.
     Assim, em vez de resolver um problema, ao se relacionar apenas virtualmente, a pessoa acaba agravando a dificuldade em se relacionar já existente, uma vez que, na maioria das vezes estes relacionamentos não saem do real. No entanto, cabe ressaltar que muitos internautas já sabem construir pontes entre o virtual e o real, levando as fantasias de um relacionamento virtual para o concreto de um relacionamento real. Mas, vale frisar que os relacionamentos, quando exclusivamente virtuais, podem levar ao desligamento da realidade, do concreto, do contato físico, o que é muito importante para qualquer ser humano. De tal forma que o contato real continua sendo insubstituível.

Ψ Relacionamento Virtual e Psicoterapia: Pessoas que se relacionam virtualmente tendem a se desligar da realidade e passam a viver exclusivamente em função de suas fantasias e de seus personagens virtuais. Assim, a psicoterapia pode auxiliar para que a pessoa avalie o que está acontecendo no mundo real que a fez buscar relacionamentos virtuais, bem como a trabalhar o que de fato é real no seu mundo virtual. Isto é, o que seus personagens virtuais têm a ver com a pessoa que é no mundo real, desmistificando o que é fantasia e o que é real, podendo inclusive adequar a fantasia ao real, ou seja, aprendendo a trazer para o real algumas características das quais considere importantes de seus personagens virtuais, mas por algum motivo não conseguem concretizá-las em seus contatos reais.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Para refletir...



A Fita Métrica do Amor
Autora: Martha Medeiros

          Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme para você quando fala o que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demostrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.
      Uma pessoas é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.
          Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
           Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. 
          É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. 
        Uma pessoa é unica ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma, O egoísmo unifica os insignificantes.
        Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Comportamentos Repreendidos


 

     Não é raro nos depararmos com cenas de mães desesperadas com as atitudes de seus filhos, os repreendendo em voz alta ou até mesmo sendo agressivas quando não conseguem “controlá-los” ou quando eles não obedecem.
     No entanto, esses comportamentos são nada menos que um reflexo do convívio familiar. Isto é, o contexto familiar é dotado de práticas psicossociais que influenciam a afetividade e o comportamento da criança. Assim, a disciplina inconsistente, a indiferença, a coerção, a pouca afetividade e relações agressivas são algumas das características que geram os tais comportamentos tão repreendidos.
   Isto acontece porque a criança se desenvolve através de sua interação com a família e pessoas próximas ao ambiente familiar, de tal modo que vai construindo, ao longo do tempo, sua percepção espacial, pessoal e do mundo. O fazendo justamente a partir do aprendizado adquirido no contato com os pais. Ou seja, são as próprias ações e atitudes dos pais, ou responsáveis, que transmitem aos filhos as mensagens comportamentais e relacionais que vão sendo captadas e aprendidas.
    Dessa forma, quando os pais se sentem envergonhados com as atitudes dos filhos, antes de repreendê-los, cabe fazer uma avaliação de como estão agindo e se relacionando entre si e com os filhos. Sabendo que, dar limites é essencial para a estruturação da personalidade e maturação de qualquer criança. Assim, cabe aos pais criar um ambiente em que a criança se sinta protegida e amada, ao mesmo tempo em que tenha limites e presencie bons exemplos, para que o ambiente familiar não se torne um fator desestruturante no desenvolvimento de seus filhos.

     Ψ Comportamentos Repreendidos e Psicoterapia: Algumas famílias recorrem à psicoterapia como forma de aprender a lidar com dificuldades relacionais dos filhos, culpando-os pelo estresse familiar e por situações embaraçosas. Nestes casos, a psicoterapia é funcional para auxiliar a família a compreender o que está motivando tais comportamentos, reconhecendo suas falhas e propondo as mudanças necessárias para que os ajustamentos possam ser realizados.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Para refletir...


Viva Plenamente
Autor: Chico Xavier

A gente pode morar numa casa mais ou menos,
Numa rua mais ou menos, 
Numa cidade mais ou menos.
E até ter um governo mais ou menos.
A gente pode dormir numa cama mais ou menos,
Comer um feijão mais ou menos,
Ter um transporte mais ou menos.
A gente pode até olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...
TUDO BEM!
O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...
É amar mais ou menos,
Sonhar mais ou menos,
Namorar mais ou menos,
Ter fé mais ou menos.
E acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco,
De se tornar uma pessoa mais ou menos!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Chegada do Segundo Filho

        
        Já durante a gravidez a família começa a vivenciar as mudanças da chegada do segundo filho. Assim, logo após a notícia da gravidez, já se inicia o processo de adaptação e percepção da família desse novo ciclo. De tal modo que as relações e interações familiares durante toda a gestação irão dar indícios de como será a adaptação da família após o nascimento do segundo filho.
       A chegada de um novo membro na família pode gerar um aumento na tensão familiar, pois traz consigo a necessidade de reformulação nos papéis e nas regras de funcionamento e interação familiar, havendo alterações no nível individual e de todo o sistema de um modo distinto. Isto porque a chegada do segundo filho caracteriza uma fase de expansão do sistema familiar e é completamente diferente do processo de nascimento do primeiro filho.
       O casal, que já havia assumido o papel parental no momento da chegada do primeiro filho, precisa agora se preparar e se organizar para assumir o papel de pais de dois filhos. Além disso, a relação conjugal constitui a principal fonte de apoio à mulher no período da gestação e nos primeiros meses após a chegada de um filho. De tal modo que o bem estar materno, muitas vezes, fica associado à qualidade da relação conjugal e do apoio recebido pelo marido.
     Cabe ressaltar que, com a sobrecarga do trabalho devido aos cuidados do bebê, a atenção e o cuidado dos filhos, bem como a divisão de tarefas domésticas precisam ser redefinidas, especialmente quando ambos os pais trabalham fora. É justamente essa necessidade de renegociação de tarefas que comumente aparece como o principal gerador de conflitos entre os casais com filhos pequenos. Além disso, o pouco tempo a sós que resta ao casal, devido às constantes demandas dos filhos, parece ameaçar os momentos de intimidade entre o casal. Dessa forma, o casal precisa aprender a criar um espaço próprio de convivência e apoio mútuo, equilibrando o tempo e energia com as demais atividades a serem realizadas. 
     Contudo, o maior impacto parece ser sentido pelo primogênito, que tem agora que passar do papel de filho único para o de irmão mais velho. Além disso, com o nascimento do segundo filho, todo o ambiente social do primogênito é afetado. Isto é, sua relação com os genitores é modificada e ele passa ainda a ter que conviver com uma nova criança, a qual se apresenta pouco preparada para interagir com ele.
      Muitos primogênitos começam a dar sinais de sua dificuldade em receber um irmãozinho já no momento em que recebe a notícia de sua chegada, momento este em que a criança já começa a concretizar e imaginar a nova realidade da família, bem como as diferenças em sua maneira de interagir com os genitores. Dessa forma, muitos primogênitos tendem a apresentar um comportamento infantilizado para sua idade, com aumento de introversão, no choro, agitação e agressividade. Além de demostrarem problemas relacionais e de autoestima, com significativo aumento nas exigências e demanda aos genitores.  Na maioria das vezes, as mudanças comportamentais do primogênito, nada mais são do que estratégias para rever as interações e a atenção desfrutada até o momento com os pais. E, com o passar do tempo, gradativamente, vão  retornando ao seu padrão de funcionamento normal.

   Ψ A Chegada do Segundo Filho e Psicoterapia: No momento da chegada do segundo filho, a psicoterapia de família auxilia na readaptação deste sistema para a nova realidade. O casal precisa se preparar para os diferentes papéis empenhados, protegendo o espaço do casal, ao mesmo tempo que devem redistribuir suas tarefas e a atenção entre os dois filhos. E ainda, preparar o primogênito para a cegada de um irmão e para as mudanças que ocorrerão na família. Por sua vez, o primogênito precisa compreender o que representa a entrada de um novo membro na família e o que isso significa em relação ao seu papel de irmão velho.