quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Divórcio

     
          Atualmente, o que se pode observar é que desde o início do casamento o divórcio é tido como uma possibilidade, contudo, não implica na falência da crença na relação amorosa, pelo contrário, sugere a possibilidade de se buscar relações mais felizes e satisfatórias. Assim, mesmo com o aumento gradativo dos divórcios, os casamentos continuam a acontecer.
           O casamento geralmente acontece como forma de realização de um sonho pessoal, com a expectativa que será eterno e que trará uma vida de felicidades. No entanto, quando os cônjuges não conseguem realizar este sonho, passam a ter no divórcio uma solução, uma vez que o sonho não realizado gera frustrações e desapontamentos. Neste sentido, inúmeras podem ser as razões de separação, contudo, sabe-se que com o casamento ambos os parceiros tendem a se modificar, o que nem sempre acontece em direções complementares, podendo inclusive vir a acontecer em direções contrárias. Isto é, com o passar dos anos e, de acordo com cada vivência individual e conjunta de cada casal, ambos os parceiros tendem a ir modificando seus ideais de vida e, quando esses ideias tornam-se muito diferentes, os parceiros tendem a se afastar. É neste momento que começam a emergir os conflitos e, com eles a necessidade de separação.
        Sendo assim, diante uma relação não satisfatória os conflitos começam a aparecer, eis que o divórcio salienta como solução. O que não quer dizer que seu acontecimento seja um fato simples a se resolver, pelo contrário, o que se tem observado é que o divórcio aparece como um dos maiores indicadores de crise na vida adulta. Se recorremos a Escala Holmes e Rahe de estresse, podemos notificar que o divórcio aparece em segundo lugar como evento estressor, perdendo apenas para o falecimento de um dos cônjuges.
     Quando a separação se efetiva, ou mesmo se é considerada, os cônjuges, independente de quem tenha tomado essa decisão, passam por um período de luto em decorrência da perda da relação, por pior que estivesse o vínculo conjugal, pois, aceitar que a relação acabou, implica na falência dos sonhos construídos e idealizados de uma vida a dois com este parceiro.
      O que se tem observado é que, mesmo quando a separação se dá de forma rápida, o processo de recuperação psicológica do divórcio leva cerca de dois anos para se chegar a uma resolução satisfatória, isto é, quando um dos cônjuges se vê capaz de aceitar sua nova realidade e assim, ir reconstruindo sua vida independente. Neste sentido, a separação proporciona ao ex-casal a possibilidade de rever sua vida, bem como sua autonomia e dependência da relação. Este processo de autoconhecimento pode auxiliar e até se tornar um facilitador no momento de criação de uma nova relação amorosa, agora mais consciente de si e das expectativas frente á união conjugal e ao parceiro.
      Habitualmente, o que se pode perceber é que a iniciativa do divórcio parte de apenas um dos cônjuges, que, em razão desta iniciativa, pode experienciar sentimentos de culpa, especialmente se o casal tiver filhos, pois este passa a se ver como responsável pelo sofrimento dos filhos e, em alguns casos também pelo sofrimento do cônjuge, quando esse não aceita facilmente a dissolução da relação e se mostra fragilizado diante da separação. Tudo isso pode intensificar a dúvida ou prolongar a decisão do rompimento.
    Além disso, constantemente as pessoas se questionam quanto ao seu futuro enquanto descasado, é aí que surgem os sentimentos de solidão e abandono tão frequentes durante o processo de divórcio. Por outro lado, também se fazem constantes os questionamentos quanto ao sofrimento provocado pela permanência em uma relação que não proporcione satisfação, fazendo com que o cônjuge se sinta sacrificado em prol da relação, pois tem a ilusão que  mantendo a relação está poupando o cônjuge e os filhos de sofrerem com o rompimento.
        Como se pode observar, o divórcio é sempre um processo doloroso e que demanda cuidado e atenção pois, quando não é bem resolvido e aceito por ambos os cônjuges, pode ocasionar em frustrações e dificuldades em refazer os projetos de vida, impulsionadores do viver.

Ψ Psicoterapia no divórcio: Comumente casais que estão em processo de separação recorrem à psicoterapia como forma de aliviar a tensão e assim tornar o processo menos doloroso, nestes casos, a psicoterapia deve, necessariamente, trabalhar o luto natural decorrente da perda da relação. Além disso, muitos buscam a psicoterapia na qualidade de pais, e não como ex-casal, como forma de tentar cuidar e poupar os filhos de um evento que, se não for bem acompanhando pode resultar em traumas. Há ainda aqueles que recorrem à psicoterapia como última tentativa de salvar o casamento, neste contexto, a psicoterapia tem por objetivo favorecer o vínculo conjugal. Por último, muitas pessoas têm a necessidade de tratamento após a separação, como forma de se adaptar às suas novas condições de vida, assim, a psicoterapia pode auxiliar no reconhecimento das possibilidades atuais para a construção de novos projetos de vida. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Para refletir...



Pequena Grande Verdade
Autora: Martha Medeiros

      Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram para nós que amor não é acionado e nem chega com hora marcada.

        Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

        Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”, duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

        Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto, só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

        Fizeram a gente acreditar que só há uma formula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas formulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podem tentar outras alternativas.

        Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ciúmes


      Ciúmes, qual a verdadeira origem desse sentimento e, o que ele representa em uma relação amorosa?
     O ciúme é percebido como o temor diante uma possibilidade, real ou imaginária, de perda de uma relação importante, depositando em algo, ou alguém, a responsabilidade pela perda. Denota uma falta de confiança tanto em si, quando no parceiro. Neste sentido, o ciúme envolve a pessoa que sente o ciúme, a de quem se sente ciúmes, e aquele(s) que representa(m) o motivo do ciúme, esse terceiro não necessariamente é uma pessoa, o ciúme pode estar relacionado também a uma atividade ou trabalho, quando o parceiro acredita estar sendo colocado de lado em detrimento de atribuições que o outro se disponibiliza a realizar.
    Fazendo um retrospecto, o que se pode perceber é que o ciúme tem sua origem ainda na infância, no apego aos pais e na frustração quando a criança percebe a perda de atenção destes, mesmo que momentaneamente. O ciúme é então um sentimento tipicamente vivenciado por todos nós e, seu progresso ou não, irá depender da forma como estes momentos foram administrados dentro da família.
     Comumente, o ciúme pode ser percebido em interação com a validação que os pais dedicam a seus filhos, o que está intimamente ligado à construção da autoestima dessa criança.  Assim, o que se tem observado é que pessoas com baixa autoestima são mais propensas a sentir ciúmes, pois não se sentem capazes de valorizar a si mesmo, o que, consequentemente, faz com que se sintam incapacitadas de manter a afeição do parceiro, vivendo sempre com medo de ser abandonado ou trocado.
    Dessa forma, é na relação conjugal que o ciúmes se instaura verdadeiramente e mostra suas diferentes facetas. Neste contexto, tem sido observado que o ciúme pode aparecer sob forma de possessividade em relação ao cônjuge, exigindo atitudes do outro que limitem sua liberdade. Além disso, o ciúme pode aparecer como uma paranoia diante uma situação irreal, quando a pessoa se mostra convencida de que está sendo traída, ainda que não existam evidências que confirmem suas desconfianças, o que coloca o ciumento diante uma incessante busca por evidências de traição
   De um modo geral, o que podemos perceber é que justamente o clima desagradável de desconfiança decorrente do ciúme que acaba por afastar os cônjuges, deixando a relação mais vulnerável ao rompimento e às traições. Cabe destacar que o comportamento desconfiado do ciumento mina a relação de tal forma que abre espaço para o rompimento, exatamente o que ele mais temia, o que poderia ter sido evitado se o casal tivesse estabelecido outra dinâmica relacional.

Ψ Psicoterapia e ciúmes: O ciúme, quando se torna motivador de discussões e desavenças entre o casal é sinônimo de uma relação disfuncional, isto é, a dinâmica relacional estabelecida entre os cônjuges está precisando ser revista. Neste sentido, a psicoterapia é indicada para o casal, podendo ser realizada também individualmente, pois a raiz do problema pode estar tanto na interação do casal, quanto no psiquismo de apenas um dos cônjuges, o que não quer dizer que ambos não necessitem de ajuda. Nestes casos, a psicoterapia tem o objetivo de auxiliar no entendimento do ciúme, revendo qual a origem desse sentimento, para que assim  tenham a chance de rever esse mecanismo de funcionamento. Além disso, necessariamente, o processo psicoterápico irá auxiliar a pessoa que sente ciúme, no reforço de sua autoestima e na valorização e revalorização da sua autoimagem.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Para refletir...




Vidas Amarradas
Lenda dos Índios Sioux

    Conta uma velha lenda dos Índios Sioux que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais belas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo...

    - Nós nos amamos... E vamos nos casar - disse o jovem, - E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã... Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

    E o velho, emocionado, ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

    - Há uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro - deves escalar a Montanha do Trovão, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e, somente com as tuas mãos e uma rede, deverá apanhá-la e trazê-la viva até aqui.

   Os jovens se abraçaram com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada.

   No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos, e viu que eram verdadeiramente formosos exemplares.

    - E o que faremos? - perguntaram os jovens.

   - Apanhem as aves - disse o feiticeiro - e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro. Quando estiverem bem amarradas, soltem-nas, para que voem livres.

     O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado. A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade de voo, as aves arremessavam-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.

      O velho feiticeiro disse:

    - Jamais esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começaram a machucar-se um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Recém-casados


     Comumente a expressão recém-casados remete a imagem de um casal apaixonado, sem desavenças e constantemente felizes. Esta imagem é real, mas não completamente. O início do casamento é uma fase de construção e adaptação a uma vida a dois e, o que se tem observado é que nem sempre o jovem casal está preparado para esse desafio.
     O primeiro ano de casamento pode ser um dos mais difíceis, pois é neste momento que os parceiros passam realmente a se conhecer, surgindo aí os primeiros desapontamentos. As primeiras desilusões são as mais dolorosas, pois implicam na falência do mito de "felizes para sempre". Os filmes que costumamos assistir na infância nos remetem a essa ilusão, mas se prestarmos bastante atenção iremos perceber que todo conto de fadas termina no casamento. O que vem depois??
    A vida a dois requer uma série de ajustes entre o casal, desde a administração do lar, os papéis e funções de cada um, até a convivência e o distanciamento das famílias de origem, bem como a construção dos projetos conjugais em meio aos projetos individuais.
   O jovem casal tem que começar a elaborar seus construtos um em função do outro, conciliando idéias, projetos e é claro, o tempo! Surge a necessidade de construir a conjugalidade. É justamente aí que surgem também os primeiros conflitos, diante da dificuldade em conseguir equilibrar o investimento de cada um no casamento.
      Sabe-se que cada cônjuge tem sua forma singular de estar no mundo e se relacionar com o outro. Dessa forma, no casamento não poderia ser diferente, cada um terá suas expectativas frente ao matrimônio, bem como seus ideais de conjugalidade. Talvez esta seja uma das tarefas mais difíceis de aprender em um relacionamento, respeitar o outro em suas diferenças, assim como aprender a si respeitar, isto é, tomando cuidado para não se anular e nem anular o parceiro dentro da relação conjugal.
      Mas, o que isso quer dizer? Que é preciso continuar investindo em gratificações e projetos individuais, nas antigas e novas amizades, nos espaços de lazer e trabalho, ou seja, nas coisas nutritivas existente antes da união conjugal, bem como nos espaços de prazer a dois, e para isso é preciso que o casal aprenda a sutil diferença entre estar junto e fisicamente presente.
    O que se pode observar é que o jovem casal necessita também aprender a construir vias sólidas de comunicação, para que assim sejam capazes de preservar o relacionamento, além de aprender a equilibrar os investimentos nos espaços conjugais e individuais, de tal modo que possam ir juntos construindo a conjugalidade.
     
  Ψ  Recém-casados em psicoterapia: A psicoterapia com recém-casados propõe auxiliar o casal nos ajustes necessários para a vida a dois. Assim o processo perpassa por questões como as expectativas de cada um frente ao matrimônio, a construção de seus projetos conjugais e a articulação destes com os projetos individuais. Auxilia o jovem casal diante das dificuldades encontradas, inclusive na divisão e delimitação dos papéis conjugais. Pequenos ajustes no início da relação podem evitar grandes problemas futuros, assim a psicoterapia tem como objetivo ainda trabalhar o vínculo comunicacional do casal, para que possam ir construindo formas sadias de comunicação, com vistas a manter o laço conjugal de forma satisfatória para ambos os cônjuges.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Para refletir...


Decidir
Autora: Cora Carolina

Mesmo quando tudo parece desabar,
Cabe a mim decidir entre rir e chorar,
Ir ou ficar, desistir ou lutar;
Porque descobri, no caminho incerto da vida,
Que o mais importante é decidir.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Autoestima



      A autoestima não depende apenas da imagem que refletimos no espelho, tem a ver também com a imagem que enxergamos de nós mesmos. Gostar de si, confiar em suas capacidades e acima de tudo se respeitar, são elementos básicos para sua definição. Vastamente, a autoestima desempenha um papel essencial na forma como a pessoa percebe a si mesmo e a maneira como se relaciona com os outros e com o mundo, bem como a forma como encara os desafios cotidianos e defende seus interesses.  
      O desenvolvimento da autoestima acontece ainda na infância. Inicialmente, se dá através do acolhimento da criança por seus pais, desde a época gestacional, de acordo com o sentido e significado da gravidez na relação conjugal. Logo após, algumas das atitudes dos pais e das pessoas do convívio familiar da criança podem vir a confirmar sua singularidade e assim firmar sua estima. Dessa forma, atitudes simples como escutar os filhos, ouvindo-os e assim, reconhecendo-os são primordiais para o desenvolvimento da autoestima.
   O que se pode dizer então é que o desenvolvimento da autoestima perpassa necessariamente pela validação e reconhecimento alheio. De tal modo que, quando mais consistente a estima por si, menor será a necessidade de se buscar no outro o reconhecimento, isto é, quando a pessoa tem a convicção de ser, não precisa que os outros lhe confirmem isso o tempo todo. Por outro lado, quando não há a construção da autoestima, o orgulho e a arrogância se fazem presentes, o contrário também pode acontecer, quando se há tendência a se portar como humilde, na tentativa de conseguir o reconhecimento público.
       A presença ou a ausência da autoestima pode se percebida em diferentes situações. No entanto, a relação amorosa é justamente o palco para que isso aconteça. O que se pode perceber é que em muitas relações o parceiro é colocado diante da valorização da estima do outro, sendo responsabilizado per tentar fazer a recomposição destas falhas.
      A falta de estima por si acaba por colocar o parceiro diante da necessidade de fazê-lo, ficando depositado no outro a responsabilidade e controle pelo bem estar e felicidade do parceiro, que deveriam ser procurados e descobertos em si, e não no outro. Tal dificuldade causa a necessidade de se estar em um relacionamento amoroso, pois acredita que  outro será fonte de felicidade e realizações.
      Assim, a pessoa que tem baixa autoestima frequentemente teme perder a pessoa amada, pois, perder o parceiro implica na falência de sua estima e, para não perdê-la, tenta se enquadrar nos padrões que avalia serem desejáveis pelo cônjuge, isto é, a pessoa abre mão de sua singularidade em prol do "amor " e reconhecimento do parceiro.
       Além disso, pessoas com baixa autoestima não se sentem capazes de valorizar a si mesmo, podendo apresentar tendência a duvidar dos sentimentos que o parceiro nutre por si, pois se sentem incapacitados de ser amado e assim manter a afeição do outro, vivendo sempre com medo de ser abandonado ou trocado, o que acaba por distanciar os parceiros e assim, fragilizar o laço conjugal.
       O que se pode perceber é que a pessoa com baixa autoestima tem a necessidade de estar em uma relação conjugal, e por esse motivo, muitas vezes acaba por se prender a uma relação que não esteja lhe trazendo verdadeira satisfação, por outro lado, sua insegurança e falta de valorização pessoal podem levar à falência do laço conjugal. O término da relação para qualquer pessoa é um momento delicado, pois passa naturalmente pelo luto da perda da relação, no entanto, pessoas com baixa autoestima mostram-se mais fragilizadas melancólicas com a perda.
       A estima só se torna autoestima então quando nos apoderamos dela e não dependemos mais do reconhecimento do outro para existir. Em meio a uma relação conjugal, pode-se dizer que a autoestima é um fator determinante para uma relação saudável, pois os parceiros são capazes de reconhecer seus valores, desejo e interesses, bem como o que lhe proporciona bem estar e felicidade, não depositando no outro tal responsabilidade.

Ψ Psicoterapia e autoestima: O processo psicoterápico perpassa por um reconhecimento dos valores e qualidades, bem como na revalorização da autoimagem. Melhorar a autoestima requer um mergulho profundo dentro de si mesmo, exigindo uma avaliação do comportamento e das convicções, questionando-as e descartando tudo aquilo que auxilia para a baixa estima por si. O aumento da autoestima exige um trabalho de modificação e o rompimento de certos padrões comportamentais que foram usados por quase uma vida inteira. Neste sentido, a psicoterapia com casais, no qual, um ou ambos os cônjuges apresentem baixa autoestima requer a valorização do ser humano de tal modo que se possa compreender que para estar bem como o outro é necessário antes estar bem consigo, conhecendo suas vontades, valores e desejos, sem depositar sua felicidade e bem estar sob a responsabilidade do parceiro.