Comumente a expressão recém-casados remete a imagem de um casal apaixonado, sem desavenças e constantemente felizes. Esta imagem é real, mas não completamente. O início do casamento é uma fase de construção e adaptação a uma vida a dois e, o que se tem observado é que nem sempre o jovem casal está preparado para esse desafio.
O primeiro ano de casamento pode ser um dos mais difíceis, pois é
neste momento que os parceiros passam realmente a se conhecer, surgindo aí os
primeiros desapontamentos. As primeiras desilusões são as mais dolorosas, pois implicam na falência do mito de "felizes para sempre". Os filmes que costumamos assistir na infância nos remetem a essa ilusão, mas se prestarmos bastante atenção iremos perceber que todo conto de fadas termina no casamento. O que vem depois??
A vida a dois requer uma série de ajustes entre o casal, desde a
administração do lar, os papéis e funções de cada um, até a convivência e o
distanciamento das famílias de origem, bem como a construção dos projetos
conjugais em meio aos projetos individuais.
O jovem casal tem que começar a elaborar seus construtos um em função do
outro, conciliando idéias, projetos e é claro, o tempo! Surge a necessidade de
construir a conjugalidade. É justamente aí que surgem também os primeiros
conflitos, diante da dificuldade em conseguir equilibrar o investimento de cada
um no casamento.
Sabe-se que cada cônjuge tem sua forma singular de estar no mundo
e se relacionar com o outro. Dessa forma, no casamento não poderia ser
diferente, cada um terá suas expectativas frente ao matrimônio, bem como seus
ideais de conjugalidade. Talvez esta seja uma das tarefas mais difíceis de aprender
em um relacionamento, respeitar o outro em suas diferenças, assim como aprender
a si respeitar, isto é, tomando cuidado para não se anular e nem anular o
parceiro dentro da relação conjugal.
Mas, o que isso quer dizer? Que é preciso continuar investindo
em gratificações e projetos individuais, nas antigas e novas amizades, nos
espaços de lazer e trabalho, ou seja, nas coisas nutritivas existente antes da
união conjugal, bem como nos espaços de prazer a dois, e para isso é preciso
que o casal aprenda a sutil diferença entre estar junto e fisicamente presente.
O que se pode observar é que o jovem casal necessita também aprender a construir vias sólidas de comunicação, para que assim sejam capazes de preservar o relacionamento, além de aprender a equilibrar os investimentos nos espaços conjugais e individuais, de tal modo que possam ir juntos construindo a conjugalidade.
Ψ Recém-casados em
psicoterapia: A
psicoterapia com recém-casados propõe auxiliar o casal nos ajustes necessários
para a vida a dois. Assim o processo perpassa por questões como as expectativas
de cada um frente ao matrimônio, a construção de seus projetos conjugais e a
articulação destes com os projetos individuais. Auxilia o jovem casal diante
das dificuldades encontradas, inclusive na divisão e delimitação dos papéis
conjugais. Pequenos ajustes no início da relação podem evitar grandes problemas
futuros, assim a psicoterapia tem como objetivo ainda trabalhar o vínculo
comunicacional do casal, para que possam ir construindo formas sadias de
comunicação, com vistas a manter o laço conjugal de forma satisfatória para
ambos os cônjuges.