terça-feira, 30 de outubro de 2012

Casais Homoafetivos



      Os casais homossexuais, como todos os casais, lutam para construir e manter relacionamentos afetivos satisfatórios. Dessa forma, o que se pode observar é que casais heterossexuais e homossexuais apresentam semelhanças e diferenças em suas vivências conjugais, pois, além dos problemas comuns a qualquer casal, têm ainda que lhe dar com o preconceito. Além disso, o que se pode perceber é que existem diferenças entre os casais de gays e lésbicas, que, quando comparados, podemos constatar que os casais gays tendem a apresentar maior valorização da sexualidade, enquanto os casais de lésbicas tendem a valorizam mais o companheirismo e amizade, principalmente quando se trata de casais em idade mais avançada.
         Os casais heterossexuais crescem tendo nos pais e nas pessoas próximas ao seu convívio familiar modelos de relacionamentos, em contrapartida, casais homossexuais têm poucos exemplos a seguir, visto que a relação afetiva homossexual ainda é percebida para alguns como um tabu. Além disso, a ausência de casamentos legalizados entre os casais homossexuais continua a manter na invisibilidade os rituais de comprometimento que, de fato, muitos casais celebram. No entanto, o que tem sido observado é que os homossexuais estão se assumindo como tais cada dia mais cedo, de tal modo que têm se tornado mais visíveis na sociedade, o que, ao mesmo tempo em que ajuda a quebrar tais tabus, os coloca mais vulneráveis ao preconceito ainda existente.
          O que se pode perceber é que o preconceito social, no local de trabalho e, principalmente o familiar estão entre os fatores que mais influenciam na decisão dos homossexuais de manterem em silêncio ou assumirem sua preferência afetiva. De tal modo que, a tentadora proposta de manter a própria forma de afetividade em segredo acaba roubando dos homossexuais a possibilidade de vivenciar o prazer de viver seus relacionamentos abertamente.
      A aceitação da família é, em muitos casos, primordial para o homossexual aceitar e assumir sua preferência afetiva. Quando a família não aceita e não acolhe o membro que se declara homossexual, o que se tem observado é que, esses passam a viver isolados da família, não compartilhando nada que se refere aos parceiros amorosos e sua vida afetiva, chegando, em alguns casos, inclusive a romper qualquer tipo de vínculo com sua família em detrimento da possibilidade de vivenciar sua homossexualidade. Por outro lado, existem aqueles que, em razão da convivência familiar, acabam negando e escondendo sua homossexualidade, nestes casos, acabam tornando-se solteirões invictos ou caindo em relacionamentos heterossexuais frustrados. Para ambos os casos, é importante que tanto a família quanto o próprio homossexual reconheçam que assumir ou não a homossexualidade não altera e nem põe fim à sua existência. Vale ressaltar que algumas famílias já se mostram dispostas a acolher e aceitar a homossexualidade de seus membros, tornando-se capazes de conviver com ela de forma satisfatória e assim desfrutar de um bom convívio familiar.

     Ψ Casais Homoafetivos em Psicoterapia: A psicoterapia pode ajudar os casais homossexuais a desenvolverem estratégias pessoais de reflexão que os auxiliem tanto a evitar quanto a lidar com o preconceito. Além disso, é importante que o casal possa aprender a valorizar suas diferenças, ao invés de se manterem presos à tirania de igualdade ainda existente na sociedade. A terapia de família, em alguns casos, pode ser válida na reconstrução dos laços afetivos que foram desgastados e até mesmo rompidos pela preferência afetiva de um dos seus membros. Além disso, a psicoterapia individual também pode ser um recurso para os homossexuais, pois, em alguns casos, pode auxiliar que eles mesmos reconheçam e aceitem sua preferência, bem como aprendam a lhe dar com as dificuldades decorrentes dessa escolha, as quais certamente aparecerão.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Para refletir...



A Arte de Calar
Autor: Desconhecido

O silêncio é um momento em que a criatura se cala, mas o espírito fala.
Calar sobre sua própria pessoa é humilde.
Calar sobre os defeitos dos outros é caridade.
Calar quando a gente está sofrendo é heroísmo.
Calar diante do sofrimento do outro é covardia.
Calar diante da injustiça é fraqueza.
Calar quando o outro está falando é delicadeza.
Calar quando o outro espera uma palavra é omissão.
Calar e não falar palavras inúteis é sensatez.
Calar quando não há necessidade de falar é prudência.
Calar quando Deus nos fala no coração é silêncio.
Calar diante do mistério que não entendemos é sabedoria.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Bullying



         Brincadeiras violentas, apelidos pejorativos e atitudes de humilhação e intimidação não são atitudes normais de qualquer criança, essa prática caracteriza o Bullying.
        Frequentemente o bullying é utilizado para identificar uma prática escolar que consiste em atitudes abusivas, agressivas, intencionais e repetidas que perduram por um longo período de tempo. Caracteriza-se ainda como assédio escolar praticado entre um aluno ou grupo, que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco.
       A maioria dos atos de bullying ocorrem fora da visão dos professores e coordenadores. Além disso, grande parte das vítimas não reagem e em muitos casos até escondem ou omitem a agressão sofrida, por se sentirem envergonhados ou até mesmo amedrontados pelas ameaça. Este comportamento acaba por reforçar o bullying e dificulta que atitudes sejam tomadas no sentido de saná-lo.
      O que se pode observar é que existem três tipos de praticas de bullying, sendo eles: o bullying físico, através de atos agressivos como bater, roubar ou danificar os pertences alheios. O bullying verbal, em forma de apelidos pejorativos e ameaças. E, o mais comum deles, o bullying relacional, que consiste em qualquer forma de humilhação ou exclusão social.
      Neste sentido, podemos dividir o assédio escolar em duas categorias, o bullying direto e indireto. O bullying direto compreende tanto os atos físicos quanto os verbais, sendo uma prática mais comum entre os meninos. Já o bullying indireto é mais comum entre as meninas, consistindo em práticas de isolamento social, além de ridicularizar os aspectos socialmente significativos entre o universo feminino, tal como os modos de vestir.
    Aparentemente, esses comportamentos ocorrem sem motivação entre os alunos, porém sempre dentro de uma realidade desigual de poder, gerando na vítima sentimentos de intimidação, dor, angústia e sofrimento físico e/ou emocional.
       Vale ressaltar que, o período escolar é justamente o momento em que estamos estruturando nossa personalidade e nos capacitando socialmente, para tanto, é necessário que possamos nos desenvolver num ambiente saudável, livres de humilhação e intimidações. Quando isso não ocorre, a criança ou o adolescente pode vir a desenvolver graves danos à autoestima, afetando assim todo o seu desenvolvimento.
      O que tem sido observado é que as vítimas de bullying tornam-se crianças e adolescentes mais retraídos, com dificuldades em se relacionar e fazer amigos, dificuldades de concentração, baixo desempenho escolar e resistência em ir para a escola ou participar do recreio. Além disso, têm mais chances de desenvolver transtornos de humor, transtornos alimentares, distúrbio do sono, fobias e transtornos de ansiedade em algum momento da vida. Podendo inclusive se tornar agressiva ou irritada, como um reflexo das agressões que vem sofrendo.
    Em se tratando dos agressores, o que geralmente tem é observado, é que são crianças e adolescentes que através de atos de bullying denunciam a própria agressão sofrida. Muitas vezes são crianças com históricos de vida violento, tendo em algum momento, vivido ou presenciado atos de agressão familiar.

Ψ Psicoterapia e Bullying: Tanto as vítimas de bullying quanto os próprios agressores necessitam de ajuda psicológica. Normalmente, as vítimas de bullying necessitam de auxílio para recuperar a autoestima perdida com o bullying, aprendendo assim outras formas de existir, que não o adoecimento ou o isolamento. Além disso, é importante entender o que fez dessa criança uma vítima em potencial para o bullying e se trabalhar todos esses aspectos.  Já os agressores, por serem crianças que geralmente apresentam histórico de agressões familiares, necessitam de ajuda para superar os traumas das agressões sofridas, isto é, para que possam trabalhar suas raivas e assim aprender outras formas de se relacionarem, que não através de atos agressivos. Cabe ressaltar que, por se tratar de casos de crianças e adolescentes, a participação da família na psicoterapia é fundamental, seja o cliente o agressor ou a vítima de atos de bullying.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Para refletir...



Bambu Chinês
Autor: Desconhecido

      Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada, absolutamente nada, por quatro anos - exceto pelo lento desabrochar de um diminuto broto, a partir do bulbo. Durante quatro anos, todo o crescimento é subterrâneo, numa maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra. Mas então, no quinto ano o bambu chinês cresce, até atingir 24 metros.
   
        Muitas coisas na vida, pessoal e profissional, são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo e esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não se vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando e nutrindo, o quinto ano chegará e o crescimento e a mudança que se processam o deixarão espantado. O bambu chinês mostra que não podemos desistir fácil das coisas. Em nossos trabalhos, especialmente projetos que envolvem mudanças de comportamentos, cultura e sensibilização para novas ações devemos nos lembrar do bambu chinês, para não desistirmos fácil frente às dificuldades que surgem e que são muitas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Filhos no divórcio



      Atualmente o divórcio parece ser uma realidade cada vez mais presente nas relações conjugais, no entanto, é sempre uma crise no ciclo evolutivo da vida familiar. Isto é, caracteriza uma crise onde toda a família é afetada, pois gera mudanças na estrutura familiar, podendo, muitas vezes, alterar inclusive os papéis e hierarquias do sistema familiar.
       Diante do divórcio o casal precisa trabalhar sua dor pessoal como marido e mulher e elaborar o luto da perda da relação, ao mesmo tempo em que devem manter o papel de pais. Mas, como ficam os filhos após o divórcio?
     Poucas crianças demonstram sentirem-se aliviadas com a decisão dos pais em se divorciarem, para tanto, é preciso que a criança possa compreender que a separação é um projeto do casal, e não entre pais e filhos.
         O que se pode perceber é que os problemas do casal sempre afetam os filhos, em maior ou menor grau. Sendo assim, as consequências existem sim, mas elas podem aumentar ou intensificar de acordo com diversos fatores, dentre eles a forma como o casal irá lidar com a separação.
       O que quero dizer é que, quando os pais se separam de forma amigável, após considerar cuidadosamente todas as alternativas possíveis, tendo em vista as reais consequências desse  passo para toda a família e conseguem manter um relacionamento saudável enquanto pais, é provável que os filhos consigam elaborar as mudanças provenientes da saída de um dos pais de casa. Podendo os filhos inclusive se desenvolverem satisfatoriamente, com pouca probabilidade de vir a desenvolver desgastes psicológicos duradouros.
   O contrário também pode vir a acontecer, quando os filhos se sentem rejeitados, desamparados e mal informados com a situação. Ou ainda, quando os pais não conseguem elaborar o luto da perda da relação, de modo que permanecem ressentidos um com o outro e acabam utilizando os filhos como forma de alienação parental, isto é, como aliados, os colocando diante conflitos de lealdade, onde têm que escolher qual dos pais apoiar. Além de os usarem como alvo de disputa entre o casal, o que, inevitavelmente, poderá prejudicar o vínculo relacional com um dos pais, o mais provável é que os filhos venham a desenvolver interferências significativas no seu desenvolvimento.
       Além disso, o que tem sido observado é que a reação dos filhos irá variar de acordo com a idade e ciclo de vida. Crianças mais novas são mais propensas a apresentar um quadro regressivo após a saída de um dos pais de casa, se tornando mais solicitante e dependente do genitor que permanece com a guarda, além de apresentarem constantemente medos extremos. É comum ainda o declínio do rendimento escolar e demonstração da tristeza e insatisfação com o divórcio dos pais.
        Pré-adolescentes, em geral, costumam reagir com raiva de ambos os pais ou daquele que considera ser o culpado pela separação. Por vezes demonstram ansiedade, solidão e sentimentos de humilhação por sua própria impotência diante do ocorrido. Além disso, o desempenho escolar e o relacionamento com colegas e amigos também podem ter prejuízo. Já os adolescentes sofrem com o divórcio muitas vezes com depressão, raiva intensa ou com comportamentos rebeldes e desorganizados.

Ψ Filhos no divórcio em psicoterapia: A psicoterapia familiar tem muito a ajudar neste caso, pois auxilia a família a avançar rumo a uma melhor adaptação da nova realidade vivenciada, isto é, a se reorganizar para passar pela crise sem danos persistentes ao longo da vida. Cabe ressaltar que a psicoterapia individual também pode ser útil para os pais, para que possam refazer suas vidas individualmente enquanto homem e mulher. Além disso, antes da efetivação do divórcio, a psicoterapia de casal pode auxiliar para que o casal posa se separar amigavelmente, reconhecendo suas possibilidades e as possíveis consequências desse ato.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Para refletir...





Certezas
Autor: Fernando Sabino


De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Infidelidade


       Atualmente, para muitos, a infidelidade no casamento pode ser percebida como fruto da crescente fragilidade do sistema matrimonial. Além disso, há quem diga que a infidelidade é a pior coisa que um cônjuge possa fazer ao seu parceiro. Contudo, o que se pode perceber é que esta é uma das situações mais perturbadoras dentro de um casamento, pois além do ato sexual, envolve também as mentiras, que por sua vez caracterizam a traição. Desta forma, o que se pode observar é que a infidelidade vem sempre acompanhada de segredos e mentiras, o que é entendido pelos cônjuges como um ato de desonestidade, que pode vir a acabar com a relação conjugal. 
    Assim, a infidelidade é a quebra de confiança, a traição do acordo de monogamia estabelecido entre o casal, o que faz com que o infiel permaneça cercado de sentimentos de culpa, pois está traindo o acordo matrimonial, traindo assim não só seu parceiro como também seus próprios valores. Por outro lado, aquele que foi traído é acometido por sentimentos de raiva e incompreensão, levando-o a buscar razões que expliquem o ocorrido, o que nem sempre é uma tarefa fácil. 
       É justamente a compreensão ou incompreensão, por ambos os cônjuges, dos fatores que impulsionaram à infidelidade que podem levar o casal à manutenção ou ao rompimento da relação conjugal. Melhor dizendo, em alguns casos, as diferenças existentes entre os cônjuges são tão grandes que acabam levando o casal à infidelidade e, quando ambos se dão conta disso, se deparam com a falta de razões para continuarem na relação. Por outro lado, quando o casal não consegue descobrir o que os levou à infidelidade, a manutenção do vínculo conjugal se torna impossível, mesmo que estejam dispostos a se perdoarem e darem seguimento com a relação. O contrário também pode vir a acontecer, quando o casal consegue entender as razões que os levaram à infidelidade e tornam-se capazes de propor a manutenção do vínculo conjugal, e assim criarem formas mais satisfatórias de interação.
    Dessa forma, a crise conjugal decorrente da infidelidade proporciona aos parceiros a reflexão sobre o vínculo conjugal. Muitos casais se mostram capazes de superar a infidelidade e construir vias mais sólidas de se relacionarem, no entanto para muitos, esta pode ser uma crise irreversível de perda de confiança e desejo na relação, evoluindo consequentemente para um divórcio.
       O que se tem observado é que existem inúmeras razões que levam o casal à infidelidade, mas em todos os casos, a crise na relação reflete um sinal de mal estar e a necessidade de mudanças. Isto é, a necessidade de aprender a lidar com as adversidades que naturalmente aparecerão na relação a dois.
      Atualmente, a infidelidade pode ser percebida como uma problemática que perdura sobre os casais. No entanto, não consiste em um ato socialmente aceito, de tal modo que, aquele que traí, muitas vezes é visto como o vilão no casamento, sendo o traído percebido como vítima. Entretanto o que se pode perceber é que a infidelidade denuncia uma insatisfação na relação, isto é, o espaço de descontentamento existente entre o casal, o que possibilita a entrada de um terceiro, muitas vezes na intenção de preenchimento deste vazio. Assim, esses julgamentos não são totalmente corretos, pois, para se compreender os reais motivos que levaram à infidelidade, é importante conhecer o casal e o modelo de interação existente entre os cônjuges.
     Além disso, por ser um ato condenável socialmente, valores culturais e sociais também têm seu peso, podendo ser relevantes na decisão de perdão e manutenção do vínculo conjugal ou na  dissolução do casamento. Assim, a infidelidade envolve também valores de julgamento de valor e moralidade, de tal modo que, para alguns casais, ter que lidar com a infidelidade quando esta se torna um ato público faz dela um conflito irreversível, levando o casal, necessariamente, ao divórcio.

 Ψ Psicoterapia e infidelidade conjugal: Muitos casais recorrem à psicoterapia em momentos de infidelidade, alguns desses, buscam ajuda para a manutenção do vínculo conjugal, tendo na psicoterapia um auxílio para o entendimento dos motivos que impulsionaram a traição, assim, buscam os ajustes necessários para a conservação do laço conjugal. Por outro lado, os casais podem recorrer à psicoterapia no intuito de efetivar o divórcio, para que este aconteça da forma mais amena possível. Em ambos os casos, é indicado a psicoterapia de casal. Cabe ressaltar que, quando o casal possui filhos, a infidelidade pode afetar não apenas o subsistema conjugal, estendendo-se a todo o sistema familiar, em casos como esses, pode-se realizar a psicoterapia de família. Além disso, a psicoterapia pode ser realizada também individualmente, tanto com aquele que traiu quanto com o que foi traído, dependendo das demandas individuais de cada um, seja para que consiga refazer seu casamento, ou para reestruturar sua vida individualmente após uma traição.