quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Novos Arranjos Familiares


     
       A sociedade contemporânea tem proporcionado mudanças no sistema familiar. Se voltarmos ao tempo de nossos avós podemos perceber que o modelo de família predominante era o de um casal, formado por um homem, provedor financeiro, e uma mulher, administradora do lar e responsável pelo cuidado e educação dos filhos. A família de hoje aparece em meio a uma nova realidade, cada vez mais os parceiros têm alternado os papéis conjugais e dividido suas responsabilidades, de tal modo que a família hierárquica foi perdendo espaço para uma família cada vez mais igualitária, não havendo distinções tão discrepantes entre os gêneros.
         Além disso, a insistência em uma relação que não satisfaça os cônjuges parece fazer cada vez menos sentido. Neste contexto, os casamentos realizados com o ideal de que "até que a morte os separe" também foram perdendo gradativamente sua estima. Assim, a família que, do ponto de vista social, era tida como um sistema indissolúvel tem agora que aprender a lidar com a fragilidade de seus laços, pois estes podem acontecer ou se desfazer de acordo com a satisfação ou insatisfação entre os cônjuges.
      O que se pode observar é que diferentes arranjos familiares vêm sendo formados, se, há alguns anos era difícil encontrar crianças com pais divorciados, atualmente, esta é uma constante, casais divorciados, mulheres chefiando a família e famílias monoparentais não causam estranheza em ninguém. Além disso, expressões como: enteado, meio irmão, padrasto e madrasta já fazem parte do repertório de membros da família contemporânea.
      Neste sentido, o que se pode dizer é que a instituição familiar vem a cada dia se readaptando às novas demandas socioculturais, que parecem não se prender aos valores e normas de antigamente.
      Apesar disso, nem sempre as famílias estão preparadas para viver essas mudanças, pois os novos arranjos implicam na falência do sistema vigente. Entender que a relação conjugal acabou, bem como a saída ou a entrada de outros membros na família nem sempre é um processo simples. Além disso, há sistemas familiares que mesmo nos dias de hoje parecem não ser aceitos por uma parcela da sociedade, como os casais homossexuais e, em alguns casos até as famílias chefiadas por mulheres ainda podem ser alvo de "pré conceitos". Tudo isso, acaba por dificultar a adaptação da família ao seu novo sistema familiar, bem como a sua acomodação à sociedade, que ao mesmo em que proporciona e estimula os membros familiares a realizar as mudanças necessárias à sua satisfação, mesmo que implique em mudanças no sistema familiar, nem sempre se mostra aberta a essas mudanças.

      Ψ  Novos arranjos familiares em psicoterapia: A família tem se mostrado como sendo um sistema dinâmico e flexível que deve ser capaz de se adequar a cada nova mudança, no entanto, nem sempre estão preparadas para isso. Nos novos arranjos familiares o terapeuta deve auxiliar a família a reconhecer seu repertório de mecanismos adaptativos, para que assim possam ir se acomodando à sua nova realidade e ao novo sistema que se forma. Tem por objetivo o reconhecimento não só das dificuldades de adaptação da família, como também suas possibilidades de superação, para que possam realizar os ajustamentos necessários. Para tanto, é preciso que a família possa reconhecer as perdas e ganhos decorrentes desse processo de mudança.