quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Recasamento


          
          Atualmente, o que tem sido observado é que, mesmo com o gradativo aumento no número de casais divorciados, as pessoas parecem não ter desistido da união conjugal, e passam a assumir cada vez mais relacionamentos posteriores ao primeiro casamento. No entanto, antes de assumir um novo casamento é necessário que a pessoa tenha concretizado de fato o divórcio emocional do antigo parceiro, para que assim possa entrar numa nova relação e se comprometer em assumir uma nova família. Para tanto, é preciso que tenha se recuperado das perdas do primeiro casamento, aceitando os próprios medos e os medos naturais do novo cônjuge, que está prestes a entrar numa família já iniciada, com suas regras e relações já estabelecidas.
      Além disso, muitas crianças podem ter dificuldades em aceitar o fim do casamento dos pais e, consequentemente, a entrada de um deles, ou ambos, em uma nova relação conjugal, pois neste momento se deparam com a concretização do fim do casamento dos pais e da impossibilidade de reconciliação. Assim, é preciso que os filhos reconheçam que os pais têm direito de ser feliz e de tentar uma nova relação, e que a entrada de um novo parceiro na família não exclui a paternidade de um dos pais. Quando as crianças percebem que podem ter os dois pais, mesmo que não sejam mais casados, e mesmo que estes já estejam numa nova relação conjugal, fica mais fácil aceitar a nova estrutura familiar.    
    Assim, é importante que o novo casal fique atento aos medos e às dificuldades que os filhos podem ter em aceitar e se adaptar a esta nova estrutura familiar, de tal forma que o novo casal terá que aprender a respeitar e a lidar com tais dificuldades. No entanto, é preciso também que tomem cuidado para não abrir mão de suas necessidades e relacionamentos para agradar aos filhos. Por outro lado, forçar o contato com o novo parceiro, quando os filhos ainda se mostram resistentes, não parece ser uma boa saída, nem tampouco esconder o envolvimento até que os filhos se mostrem mais abertos para aceitar o novo relacionamento. Dessa forma, é indispensável aceitar a necessidade de tempo e paciência para se realizar os ajustamentos necessários para se organizar a nova estrutura familiar, os novos papéis, espaços e fronteiras entre os membros familiares.
  Além disso, o novo parceiro precisa avaliar se tem condições de fazer parte desta família. Principalmente se está em seu primeiro casamento e tem a ilusão de que está formando uma nova família, pois, ao relacionar-se com uma pessoa que já tem uma família, está entrando num sistema que já existe, que já tem suas histórias e regras.
  Sendo assim, para evitar maiores dificuldades de adaptação, é necessário que o novo casal tenha consciência de toda a complexidade desta nova união. Para que então possam juntos enfrentar e administrar os problemas, procurando se organizar e planejar a nova estrutura familiar que está para se formar.

  Ψ Recasamento e Psicoterapia: É comum as pessoas terem dificuldades em refazer suas vidas após o fim de um casamento, mas é necessário. Por todas as dificuldades que podem aparecer em decorrência deste processo, muitas famílias têm recorrido à psicoterapia como um auxílio. Neste contexto, a psicoterapia pode ajudar a família a se reorganizar e se adaptar a uma nova estrutura familiar, auxiliando os membros familiares a reconhecer seus novos papéis e aceitar que uma nova estrutura esteja sendo formada.